quarta-feira, 27 de junho de 2012

 

QUALIDADE DE VIDA

 

 

Ame as Imperfeições para Viver com Perfeição

 

E leve a vida cor-de-rosa



Quando foi que você descobriu que a vida era imperfeita? Superar uma dificuldade torna a vida mais interessante e colorida...



Para viver em cor-de-rosa
Quando passou a usar aparelhos para a surdez, Ana descobriu um novo mundo, cheio de sons e aceitação.




 Ela está por todos os lados. A imperfeição não escolhe o momento nem o lugar certo para aparecer. É sempre uma surpresa. E, depois que aprendemos a lidar com ela, ganhamos. Seja um novo amigo, uma família, uma postura ou um olhar diferente sobre a vida. As dificuldades e os defeitos estão ao nosso redor para nos mostrar que a realidade é incontrolável, surpreendente e cheia de senões. Ela machuca, quebra expectativas, faz chover no dia mais esperado do ano, mas basta ver com cuidado para encontrar o arco-íris entre as nuvens. São os obstáculos que nos abrem para o diferente, mostram os limites e, assim, nos tornam seres mais generosos com os outros e conosco. Sem fugir das dificuldades, as pessoas das próximas páginas exibem sem vergonha as marcas da imperfeição. Sabem que elas são comuns a todos e têm a certeza de que foram essas cicatrizes que as fizeram mais interessantes e melhores. Mais humanas, enfim.




Percebi que os imprevistos deixam a vida mais interessante no dia do meu casamento. Em dezembro de 2010, caiu a maior chuva de todos os tempos em São Paulo, uma semana antes de eu me casar. No grande dia, o tempo era instável. Mesmo sendo uma cerimônia em local coberto, a garoa nos presenteou com momentos únicos e fotos lindas embaixo do guarda-chuva, com a luz perfeita, sorrisos de surpresa e diversão. Foi infinitas vezes mais do que eu e meu marido sonhamos!
Roberta Gomes, 27 anos, São Paulo (SP)





Vi que a vida não era perfeita quando, por causa de uma doença, ouvi dos médicos que só engravidaria por um milagre. Depois de cinco anos de tentativas, eu e meu marido decidimos adotar uma criança. Foi como o Marcos Vinícius entrou em minha vida. Digo que ele é “filho do coração, e não da barriga”. E o fato de ele não ter saído de mim permitiu que tivéssemos uma relação rica não só em amor, mas também em cumplicidade e transparência.
Leda Amoroso, 43 anos, São Paulo (SP)





Um parto complicado fez com que eu nascesse com alguns ligamentos da mão direita rompidos. A atrofia não teve cura: precisei aprender a amarrar tênis, a nadar e a fazer tarefas simples com a mão esquerda. Apesar das dificuldades – e dos apelidos maldosos na escola –, sei que minha deficiência me humanizou: hoje, trabalho com informática e estudo como tornar a tecnologia acessível para quem enfrenta os mesmos obstáculos que eu.
Daniel Canova, 25 anos, São Paulo (SP)





Sei que uma imperfeição mostra outros jeitos de olhar a vida porque, desde pequena, tenho perda auditiva. Cresci sem o auxílio de aparelhos ou ensino diferenciado, mas, no começo do ano passado, descobri que precisaria do equipamento. Eu me peguei enquadrada na categoria “deficiente” e fiquei abalada. Usando o dispositivo e nessa outra posição, vi que há discriminação, falta de paciência, olhares piedosos. Mas também encontrei inclusão e aceitação. A surdez  fez com que eu me aceitasse, exatamente como sou. Apesar de todas as imperfeições, pois isso em nada altera a minha condição de jovem e feliz.
Ana Mayrhofer, 21 anos, Curitiba (PR)





Aprendi que as dificuldades nos ajudam a melhorar quando, há 25 anos, o Marco nasceu. Para surpresa da nossa família, com paralisia cerebral. Decidi acompanhá-
lo e dar-lhe toda a assistência que podia na sua educação. Quando ele entrou na faculdade de jornalismo, minha esposa sugeriu que eu, aposentado do trabalho de bancário, fosse para a sala de aula ao lado do nosso filho. Hoje, estudamos juntos antes de todas as provas. E eu, além de aprender coisas novas, ganhei o carinhoso apelido de “velhinho” entre os amigos que fiz.
Manuel Condez, 59 anos, São Paulo (SP)





Percebi que as dificuldades nos fazem crescer quando, em 2008, tive de refazer três matérias na escola. Pensei que seria o pior ano da minha vida. Mas foi muito diferente do que imaginei, pois fiz amizades na minha turma que mantenho até hoje. Como tinha tempo, realizei  a vontade de estudar flauta transversal e fazer o curso de LIBRAS, que hoje uso em meu emprego. A vida não seguiu a cadência que eu esperava, mas foi muito melhor assim, pois agora posso dizer que aquele ano que pareceu um problema só me ajudou a ser feliz!
Natássia Lázaro, 21 anos, Americana (SP)






Soube que ninguém era perfeito quando, nos tempos de colégio, vi um professor de filosofia que eu admirava irritar-se com um aluno que lia uma revista durante a aula. A raiva era tanta que ele arremessou a revista corredor afora. Foi um susto. Na semana seguinte, ele se desculpou e propôs aulas mais interessantes, chegou até a perguntar se ainda o queríamos como professor. Para mim foi um desdobramento dos ideais de honestidade e justiça que estudávamos e aprendi quanto reconhecer os erros é um aprendizado.
Érica Georgino, 26 anos, São Paulo (SP)






Nem tudo sai como queremos, mas isso nos ensina. Quis muito fazer faculdade na Universidade de São Paulo (USP), mas não consegui. Aprendi que, quando temos um desafio, estar preparado não basta. Vários fatores precisam estar alinhados: estar no lugar certo, na hora certa e sabendo o que é necessário. Com tudo isso, às vezes o que você pode fazer é muito limitado. A reprovação me ensinou a colocar menos ênfase no acerto e no erro. Sem pressão e tanta expectativa, as coisas fluem melhor.
Priscila Grison, 25, São Paulo (SP)




Paola cresceu na casa das quatro mulheres, com uma família feminina que lhe ensinou a ver a vida por outro ângulo
 



Meu pai morreu quando eu tinha 5 meses. Por isso, eu e minha mãe fomos morar com meus avós. Aos 11 anos de idade, vi os dois se divorciar. Meu avô saiu de casa,
e, assim, eu passei a ser criada por três mulheres: minha mãe, minha vó e minha tia, que também morava conosco e ganhou o apelido de “pai”. Foi aí que eu vi quanto as diferenças nos fazem melhor. No fundo, sempre soube que minha família não era igual às outras, mas nem por isso eu era infeliz. Tenho muito orgulho de nós quatro. E falo de boca cheia: fui criada só por mulher mesmo, vai encarar?
Paola Perroti, 19 anos, São Paulo (SP)



Percebi que as dificuldades nos fazem crescer quando, em 1973, perdi meu pai. Precisei conciliar a faculdade de medicina com a administração da padaria da família, comprada há menos de um mês. Sem saber fazer nada direito, sofri. Mas, quando tomei gosto por ser empreendedor, montei uma lanchonete. Um senhor me pediu emprego e, ao lado dele, aprendi a fazer quibes, esfihas e todo tipo de comida árabe. O negócio deu tão certo que me tornei presidente da maior rede de fast-food de comida árabe do mundo. Hoje, vejo que as tragédias da nossa vida não têm a última palavra. Elas são portas de entrada para a superação de grandes obstáculos.
Alberto Saraiva, 58 anos, São Paulo (SP)



Descobri que ninguém é perfeito quando minha avó, que eu achava a pessoa mais bondosa do mundo, mandou meu avô para um asilo sem o consentimento da família. Meu pai e meu tio compraram uma briga com a mãe e, semanas depois, levaram meu avô de volta para casa. Hoje, todos ajudamos a cuidar dele, e a briga acabou me mostrando uma família mais forte, amorosa e unida.
Carolina Rosignoli, 21 anos, São Paulo (SP)



Sei que dificuldades podem ser reveladoras, pois foram elas que me fizeram descobrir que rumo dar à vida. Em 2005, tinha perdido o emprego e acabei indo morar na rua. Até que, uma noite, conheci um albergue para moradores de rua e, em pouco, tempo assumi a organização da biblioteca. Descobri que realmente tinha aptidão para aquilo. Consegui uma bolsa de estudos, fiz um curso técnico e hoje faço faculdade de biblioteconomia. No ano passado, o projeto que implantei no albergue foi um dos vencedores de um prêmio do Ministério da Educação e Cultura.
Lourival Cancela, 42 anos, São Paulo (SP)



Descobri que as imperfeições podem unir pessoas quando meus três filhos saíram de casa para fazer faculdade. Enquanto eles estavam por perto, por mais que fosse mais fácil protegê-los, tudo era rotina. A relação era ótima, mas corriqueira. Agora, com eles no mundo, vendo-os enfrentar as dificuldades da vida, percebi quanto nossos laços são fortes e o meu amor, maior que o tempo e a distância entre a gente. Com isso, somos ainda mais unidos. 
Rita Bandeira, 58 anos, Passos (MG)




Vi que as surpresas tornam a vida mais interessante quando passei um mês fazendo um trabalho na beira do rio São Francisco, em Pernambuco. Esperava encontrar comunidades conscientes do rio e de suas maravilhas, mas me surpreendi com os contrastes da região e com as pessoas que não viam a grandeza do ambiente. Por aquela vida ser completamente diferente da minha e tão inesperada, a experiência tornou-se ainda mais fascinante.
Caroline Mazzonetto, 25 anos, São Paulo (SP)




Percebi que os problemas podem nos dar um novo olhar para a vida porque comecei a dividir os meus com minhas amigas. Desde pequena eu tinha muitas dificuldades com o meu padrasto e, com o tempo, descobri que algumas meninas passavam pelo mesmo. Com elas, entendi o que sentia, como isso influenciava a minha vida e a delas. Passar por uma dificuldade semelhante nos ajudou também a compreender as qualidades e os defeitos umas das outras. A amizade se fortaleceu.
Cíntia Ribeiro, 33 anos, São Paulo (SP)




Descobri que não era perfeita quando engravidei e quis seguir a linha natural em que sempre vivi. Queria usar apenas fraldas de pano, era contra chupeta e mamadeira. Mas as fraldas de pano não deram conta de acompanhar o Luca, que hoje tem 2 anos e 8 meses, e cedi à chupeta. Queria amamentá-lo por pelo menos dois anos, mas só consegui até o primeiro ano. No começo, fiquei decepcionada. Se outras mães conseguiam, por que eu não? Mas cheguei à conclusão de que fiz o melhor, e isso foi maravilhoso para o nosso crescimento. O perfeito é o possível.
Sabrina Kim, 30 anos, São Paulo (SP) 


Revista Sorria

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